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Vacina: não está claro em que pé o Brasil está

Alexandre B. Cunha

Sem possuir uma vacina e/ou um remédio altamente eficaz para a Covid-19, o Brasil não atingirá uma situação similar àquela que se entendia como normal até meados de março deste ano. Imaginar que o país conseguirá deixar para trás a presente crise sanitária e econômica sem o uso de um desses dois instrumentos medicinais é, pura e simplesmente, uma fantasia. Enquanto o país não controlar a pandemia, pessoas continuarão a falecer em decorrência da referida doença, a economia permanecerá em recessão e as diversas restrições e limitações decorrentes das tentativas de conter o avanço do coronavírus continuarão a fazer parte do nosso cotidiano.

O argumento acima se aplica também às outras nações. Por tal motivo, em maio deste ano o governo norte-americano deu início à Operação Warp Speed (Alta Velocidade em português), uma parceria público-privada com os objetivos de acelerar o desenvolvimento e viabilizar a produção em larga escala de várias vacinas para a Covid-19. A iniciativa recebeu um montante de recursos da ordem 18 bilhões de dólares do Tesouro dos EUA. Evidentemente, tamanho investimento somente ocorreu devido ao fato de o governo daquela nação ter ciência de que a vacina é fundamental para debelar a pandemia e, consequentemente, voltar à normalidade.

De acordo com recente reportagem publicada no site Poder 360, 47 países já começaram a vacinar as suas populações. No caso específico da América Latina, a imunização contra a Covid-19 já ocorre no Chile, na Costa Rica e no México. Assim sendo é natural que se indague por que o Brasil não faz parte de tal grupo. O texto Brasil vai ter vacina em 2021?, de autoria do biólogo Fernando Reinach, é elucidativo. Essencialmente, o país adotou uma estratégia equivocada. Observe que não é possível ter certeza de antemão de que um dado projeto terá sucesso em gerar uma vacina. Desta forma, para aumentar a chance de ter acesso o quanto antes a algum imunizante, vários países firmaram parcerias com múltiplos laboratórios. Não foi à toa que, conforme mencionado acima, a Operação Warp Speed financiou o desenvolvimento de várias vacinas. Contudo, o Brasil se engajou somente em dois projetos e até a presente data nenhum deles produziu um imunizante que possa ser utilizado de forma generalizada.

Através da Operação Warp Speed, O governo norte-americano financiou o desenvolvimento e produção de várias vacinas para a Covid-19. Fotógrafo: Marco Verch. Fonte: Flickr.

A TV Brasil divulgou no último domingo uma entrevista com o ministro da Saúde Eduardo Pazuello. Um vídeo da mesma está disponível no fim deste texto. Ele declarou que já em fevereiro o Brasil estará vacinando maciçamente a sua população. Todavia, o ele também afirmou que o Brasil tem “contratos firmados com quatro a cinco laboratórios”. Tendo em vista a relevância do tópico, seria de se esperar que o ministro da Saúde soubesse o número exato. Adicionalmente, o plano de vacinação lista treze laboratórios como possíveis fornecedores. Tendo em vista que o próprio ministro deixou claro que talvez o cronograma tenha que ser ajustado conforme as doses das vacinas sejam disponibilizadas pelos fabricantes, aparentemente o plano de vacinação do Brasil ainda está em um estágio bastante preliminar.


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Entrevista do ministro da Saúde Eduardo Pazuello