Rio de Janeiro, . | Esquerdismo, Política, Socialismo


Para o esquerdista radical, a questão em debate nunca é a questão. A verdadeira questão sempre é a revolução

Alexandre B. Cunha

Conforme mencionado com muita propriedade pelo escritor conservador David Horowitz, a frase “The issue is never the issue. The issue is always the revolution“, a qual pode ser traduzida como “A questão em debate nunca é a questão. A verdadeira questão sempre é a revolução“, sintetiza a forma de pensar de um revolucionário esquerdista. Para esse tipo de indivíduo, tudo está subordinado ao objetivo de transformar a sociedade em que ele vive em uma tirania socialista. Toda e qualquer ação deve ser avaliada primordialmente pela sua serventia à causa revolucionária.

Com intuito de tornar a presente discussão mais concreta, considere a questão da autonomia acadêmica das instituições de ensino. Os professores são majoritariamente simpáticos à causa socialista. Logo, o PT tende a defender a autonomia das escolas e universidades públicas (principalmente agora que está fora do governo). Isso permite que tais instituições sejam utilizadas para atacar o governo sempre que o partido não estiver no poder. Por outro lado, o PT já deixou claro que se voltar ao governo ele tentará intervir nas academias militares. De fato, os militantes socialistas seguem uma regra simples: uma instituição na qual a esquerda radical conseguiu se infiltrar e assumir o controle deve ser autônoma; as demais devem ser controladas de cima para baixo pelo governo.

Considere agora um hipotético projeto de lei que torne o Banco Central independente de ingerências do governo. Ao analisar tal questão, uma pessoa sensata imediatamente pensará nos impactos da proposta sobre a taxa de inflação e demais variáveis econômicas. Ou seja, para formar a sua posição, ela tentará responder a perguntas como “Será que a inflação tenderá a ser mais baixa caso o Banco Central se torne independente?” e “Será que o PIB passará a crescer a taxas mais elevadas e recessões como a atual se tornarão menos frequentes caso o Banco Central tenha maior autonomia?”. Se ambas as respostas forem sim, muito possivelmente ela será favorável à proposta. Se ambas forem não, então é provável que ela se posicione de forma contrária. Se uma resposta for positiva e outra negativa, então talvez ela tente obter mais informações antes de se posicionar.

Um militante socialista adota uma abordagem completamente distinta. O seu posicionamento será decidido única e exclusivamente pelos efeitos da proposta sobre o objetivo maior de transformar o Brasil em uma tirania socialista. Se ele acreditar que um Banco Central independente atrapalhará o seu projeto de revolução e/ou transformação socialista, então ele será contra a proposta; caso contrário, ele será a favor. A extrema esquerda tem pouca influência junto ao corpo de funcionários do Banco Central. Adicionalmente, não existe judiciário independente, legislativo autônomo etc. em tiranias esquerdistas. Logo, não é de surpreender que o PT seja contrário à independência do Banco Central.

O PT e os demais partidos da extrema esquerda se opuseram à emenda constitucional que estabeleceu um teto para os gastos do governo. Afinal de contas, esse tipo de restrição não existe em nações como Cuba, Coréia do Norte e Venezuela. Em outras palavras, tal limitação à ação do governo é inconsistente com o projeto totalitário da esquerda radical. Essencialmente, os socialistas querem ter autonomia para gastar o que bem entenderem caso voltem a ocupar o Palácio do Planalto.

Outro exemplo da forma esquerdista de avaliar e/ou propor políticas públicas é dado pelo notório ódio que grupos revolucionários como o PT e o PSOL nutrem pela PM (Polícia Militar). A razão para tanto é simples. A PM é uma organização composta por pessoas armadas na qual a influência das ideias esquerdistas é quase que inexistente. Adicionalmente, compete a ela combater a violência dos Black Blocs, do MTST e do MST. E, como se tudo isso não bastasse, os seus integrantes estão subordinadas aos governos estaduais e não ao Palácio do Planalto, ao passo que em uma tirania socialista todos os indivíduos armados estão sob o comando do governo central. Por tais motivos, o PT e suas linhas auxiliares trabalham ativamente pela ‘desmilitarização’ da instituição. Evidentemente, eles não mencionam que não há como existir uma Polícia Militar ‘desmilitarizada’. Ou seja, a esquerda revolucionária luta pela extinção da PM.

Em síntese, enquanto as pessoas que têm apreço pela democracia e pela liberdade tentam avaliar uma dada ação governamental de acordo com os seus méritos, os militantes da esquerda radical procedem de forma totalmente distinta. Esses revolucionários julgam uma política pública de acordo com a sua potencial contribuição para o seu projeto de transformar o Brasil em uma tirania socialista. E não poderia ser de outra forma, pois para eles, o projeto de transformar este país em um ‘paraíso igualitário’ está acima de tudo.


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