Rio de Janeiro, . | Esquerdismo


O socialista rico: aproveitador ou narcisista?

Alexandre B. Cunha

O socialista rico é uma figura contraditória. Ele desfruta das diversas benesses que somente o sistema capitalista é capaz de proporcionar e simultaneamente prega que o Brasil e os demais países do mundo devem aderir ao socialismo. Além de ser inconsistente, tal postura revela que ele é um aproveitador inescrupuloso ou um narcisista egocêntrico.

Considere um hipotético socialista rico, o Sr. X. Suponha que em algum momento ao longo da sua vida de luxo e degustação, ele se defronte com a seguinte pergunta: Prezado Sr. X, se o Brasil virasse um paraíso socialista o Sr. continuaria a desfrutar de todas as mordomias de que hoje usufrui?

Suponha que o Sr. X responda não. Tem-se aqui a seguinte situação: o nosso amigo socialista rico usufrui, no sistema capitalista, de bens e riquezas que ele não desfrutaria em uma sociedade que ele próprio afirma ser justa! Ele está se aproveitando daquilo que ele afirma serem falhas e injustiças do capitalismo para o seu deleite pessoal. Fosse ele um sujeito de caráter reto, ele usaria a sua riqueza excedente para auxiliar os desvalidos e/ou promover a revolução socialista. Por exemplo, ele venderia a sua casa de praia, a sua chácara na serra e o seu campo de futebol privado e doaria os recursos assim obtidos para o PT, o PSOL, o MST etc ou financiaria os ‘estudantes’ revolucionários que estão invadindo as escolas e as universidades brasileiras. Em outras palavras, o Sr. X é literalmente um aproveitador.

Uma possível resposta sim não é suficiente para redimir o Sr. X. A implantação do socialismo requer a abolição de todos os privilégios e mordomias tidos como injustos. E experiência de outros países mostra que na prática ocorre a expropriação da riqueza de quase todos aqueles indivíduos que eram relativamente mais abastados antes da revolução. Logo, na visão do Sr. X ele merece jantar em um restaurante caro; porém, a pessoa na mesa do lado não faz jus a tal luxo. Ele merece ter uma casa na praia; o vizinho não. Ele merece voar de primeira classe; o sujeito na poltrona do lado é um burguês opressor. Ele merece aquela cobertura luxuosa que ocupa os dois últimos pavimentos do prédio; os moradores dos demais apartamentos não deveriam estar ali. Ele merece ser operado no Hospital Sírio-Libanês; o lugar dos demais pacientes é o SUS.

A resposta sim é tão aberrante que a sua análise detalhada se torna necessária. Ela revela o quão narcisista e egocêntrico é o Sr. X. Na sua visão do mundo, somente ele próprio e alguns poucos familiares e amigos (que provavelmente também são socialistas) merecem desfrutar do seu elevado padrão de vida. Como pode alguém acreditar ser tão superior a quase todas as pessoas com as quais ele se relaciona? Pior ainda: ele se julga tão maravilhoso e digno de admiração a ponto de crer que continuará a viver nababescamente na sociedade que ele acredita ser perfeita. Ou seja, os tiranos encarregados de gerir o paraíso socialista ficarão tão encantados com as realizações do Sr. X que não hesitarão em permitir que ele continue a desfrutar da sua cobertura, do seu campo de futebol, da sua chácara etc. Será que é realmente necessário escrever que o socialista rico tem um sério problema emocional?

É possível que o Sr. X tente escapar da pergunta afirmando que sob o socialismo todos viverão tão luxuosamente como ele. Como?! Uma sociedade onde todos têm uma cobertura?! Todos voam de primeira classe?! Todos têm o seu campo de futebol privado?! Que sociedade é essa? Cuba? Coréia do Norte? Venezuela? Risos, risos, risos… Bom, este autor não acredita que um indivíduo com a inteligência, com a sofisticação e com o ‘baita espírito crítico’ do Sr. X possa crer nesse papo furado. Se ele insistir em tal resposta, então convém adicionar a palavra mitomaníaco ao título deste artigo.


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