Rio de Janeiro, . | Esquerdismo


É preciso “desnormalizar” a esquerda

Alexandre B. Cunha

1   Introdução

Uma das grandes vantagens que a esquerda possui no debate público é a sua hegemonia entre aqueles que deveriam constituir a elite intelectual e cultural do Brasil. O fato de esses indivíduos serem majoritariamente militantes ou simpatizantes da causa socialista permite que se mascare o caráter aberrante e barbárico das ideias e propostas esquerdistas e que se atribua a elas uma falsa aparência de normalidade, isenção, moderação e consenso. Este texto tem como objetivo contribuir para a desconstrução dessa falácia.

A liberdade de expressão é um princípio inegociável para este autor. Todo e qualquer indivíduo deve ser livre para manifestar as suas crenças e opiniões, sejam elas quais forem. Todavia, assim como acontece com as demais pessoas, cabe aos esquerdistas estabelecer que as suas propostas são benéficas para o país. Infelizmente, ao invés de tentarem convencer a população a abraçar as suas posições, eles lançam mão de uma falsa normalidade e de um fictício consenso para silenciar os seus oponentes e avançar a sua agenda totalitária.

Não é correto que ideias e propostas incompatíveis com a visão da maior parte da população brasileira e com a democracia sejam apresentadas como se fossem absolutamente normais e convencionais. E é exatamente isso que a esquerda faz. Posições radicais e extremadas são apresentadas e discutidas como se fossem compartilhadas pela maioria da população. E tão logo uma pessoa “ousa” discordar desse falso consenso, ela é tachada de fascista, reacionária etc.

Não é aceitável que se mascare o caráter de uma ideia antidemocrática ou que se finja que todos estão de acordo com uma iniciativa contrária à visão de mundo da maior parte da população brasileira. Afinal de contas, é no melhor interesse deste país e um direito dos seus cidadãos que se explicite o grau de conformidade de toda e qualquer proposta com os princípios democráticos e com os valores abraçados pelo seu povo.

Este texto tem três seções além desta introdução. Com o intuito de estabelecer que a esquerda possui uma natureza anormal, estudam-se na seção 2 a discrepância entre as propostas esquerdistas e a visão de mundo do brasileiro médio e as razões pelas quais o esquerdismo possui um caráter radical e totalitário. Como não é possível analisar todas as ações e propostas anômalas dos militantes socialistas, discutem-se na seção 3 quatro exemplos de práticas e posições esquerdistas que ilustram o ponto central deste ensaio. Por fim, apresentam-se na seção 4 as considerações finais.

2   O cerne do problema

O esquerdismo foge da normalidade devido a pelo menos três motivos. O primeiro é a sua dissonância com os valores da maior parte da população brasileira. Por exemplo, uma pesquisa recentemente realizada pela Fundação Perseu Abramo (links: pdf completo, reportagens Época e Isto É), a qual é sabidamente vinculada ao PT, obteve evidências de que a população da periferia de São Paulo é majoritariamente contrária às propostas e princípios do partido. Pesquisas anteriores, essas de âmbito nacional, do Ibope e do Datafolha haviam obtido conclusões similares. Esses resultados não são surpreendentes. Qualquer brasileiro que não viva em uma bolha politicamente correta está ciente de que o seu compatriota típico não é exatamente um admirador das ideias e das práticas da esquerda.

O segundo motivo decorre do fato que o objetivo final da esquerda é a implantação do socialismo, seja ele sob a forma que existiu na felizmente extinta União Soviética e ainda persiste em Cuba e na Coréia do Norte ou em uma nova embalagem (por exemplo, a Venezuela está implantando algo denominado ‘Socialismo do Século XXI‘). Como consequência, a agenda esquerdista necessariamente abrange o fim do regime democrático. Evidentemente, tal agenda é extremamente radical. Não há como ela ser ‘normal’, ‘isenta’, ‘moderada’ ou ‘consensual’.

Por fim, há que se levar em consideração a incompatibilidade do esquerdismo com alguns princípios civilizatórios básicos. A natureza radical da agenda esquerdista impede que ela seja plenamente implantada de forma pacífica. Desta forma, os militantes esquerdistas frequentemente recorrem ao vandalismo e à violência para dar continuidade ao seu projeto totalitário.

3   Anormalidade e radicalismo: alguns exemplos

Discutem-se nesta seção quatro exemplos concretos de ações e posições dos militantes e simpatizantes da causa socialista. Argumenta-se que o apoio à ditadura venezuelana, as passeatas violentas, a doutrinação dos estudantes e a oposição à redução da maioridade penal evidenciam, de forma contundente, o caráter anormal e radical da esquerda.

3.1   Apoio à ditadura venezuelana

A esquerda brasileira sempre respaldou as ações do falecido tirano Hugo Chávez e do seu sucessor Nicolás Maduro. Mesmo agora, com a Venezuela mergulhada em uma profunda crise econômica e social, os nossos radicais continuam a apoiar a ditadura chavista. Conforme divulgado pelo bancada do PT na Câmara Federal, ocorreu no dia 19 de abril a IV Jornada Mundial em Solidariedade à Revolução Bolivariana. Obviamente, os esquerdistas brasileiros não poderiam se contentar em somente propagandear o evento. Assim sendo, no dia 18 de abril alguns militantes socialistas gravaram vídeos manifestando o seu apoio ao governo chavista. Seguem-se três deles, protagonizados por deputados federais do PT e do PSOL. Há mais vídeos disponíveis no canal da embaixada venezuelana no YouTube.

É importante entender o contexto em que esses vídeos foram gravados. Conforme este autor escreveu há aproximadamente um ano, a Venezuela passa por uma séria crise. A economia do país está arruinada. A população está, literalmente, passando fome. Em recente levantamento sobre as condições de vida, aproximadamente 70% dos entrevistados declararam ter perdido em média 8,7 quilos no último ano. O país possui vários prisioneiros políticos. Manifestações populares contra o governo ocorrem com frequência e são brutalmente reprimidas pela ditadura. Desde o início de abril, aproximadamente 67 pessoas faleceram em decorrência de confrontos com as forças de segurança. Como se tudo isso não bastasse, o governo chavista tem notórias conexões com o tráfico de drogas (link 1, link 2, link 3).

Cabe agora a seguinte pergunta: que tipo de pessoa é capaz de gravar um vídeo de apoio a uma ditadura que gerou o caos e o sofrimento delineados acima? Será que esse comportamento é normal? É isso que o cidadão brasileiro espera dos seus congressistas?

Há que se dizer a verdade: esses vídeos são ultrajantes. É por esse e muitos outros motivos que este autor afirma que é preciso “desnormalizar” a esquerda, pois as ideias e práticas dos militantes socialistas são inequivocamente anormais.

3.2   Manifestações violentas

Ao longo dos anos de 2015 e 2016, os brasileiros foram às ruas repetidas vezes pedir o impeachment de Dilma Rousseff. Ocorreram então as maiores, por larga margem, manifestações da história do país. Nenhuma delas foi caracterizada por atos de vandalismo. Inclusive os manifestantes se confraternizaram com os policiais, chegando a tirar fotos com os integrantes das forças de segurança.

Os atos pelo impeachment de Dilma deixaram claro que não existe uma lei probabilística ou sociológica determinando que toda manifestação política precisa ser violenta. Contudo, conforme este autor discutiu em outro texto, as passeatas organizadas pela esquerda frequentemente resultam em atos de violência. Isso voltou a acontecer no dia 24 de maio, quando os milicianos socialistas vandalizaram a capital federal. Dentre outras barbaridades, eles incendiaram a sede do Ministério da Agricultura.

Tem-se aqui o seguinte quadro: conforme observado em 2015 e 2016, os brasileiros promovem manifestações políticas pacíficas; já as passeatas esquerdistas quase sempre descambam para a violência. A conclusão óbvia é que quando comparados aos demais brasileiros, os militantes da causa socialista se comportam de forma anormal. Desnecessário dizer que o já tradicional quebra-quebra que caracteriza as manifestações dos esquerdistas está absolutamente fora do padrão de comportamento que se espera de pessoas civilizadas. Na verdade, a conduta em questão é aberrante, barbárica e inconsistente com a vida em sociedade.

Não seria possível concluir a discussão deste tópico sem mencionar a atitude dos esquerdistas ‘pacíficos’. Eles raramente (ou mesmo nunca) condenam a violência dos seus correligionários. Quando abordam o assunto, eles atacam a polícia e/ou justificam o comportamento dos vândalos. Por exemplo, no vídeo abaixo um juiz, um poeta, um professor e vários atores e atrizes criticam a polícia e manifestam o seu apoio aos black blocs.

O vídeo acima foi gravado antes da morte do cinegrafista Santiago Andrade, que foi assassinado por black blocs quando cobria uma manifestação esquerdista no Rio de Janeiro. É uma pena que os seus produtores não tenham gravado um novo vídeo perguntando aos militantes politicamente corretos o que eles têm a dizer sobre isso.

3.3   Doutrinação dos estudantes

A doutrinação ideológica dos estudantes levada a cabo pelos militantes socialistas nas escolas e universidades brasileiras fornece outra boa ilustração do problema discutido neste texto. Por exemplo, recentemente ocorreu no Colégio Pedro II um evento celebrando os cinquenta anos da Revolução Cultural Chinesa. Causa espanto que as instalações de uma instituição pública tenham sido utilizadas em um evento de natureza manifestamente antidemocrática. Como se isso não bastasse, exceto pelo seu término, não há o que celebrar na Revolução Cultural. Afinal de contas, aquela barbárie causou a morte de pelo menos um milhão de chineses. Será que os professores do Pedro II se lembraram de ensinar esse ‘detalhe’ para os seus alunos? Por fim, o vídeo abaixo deixa claro o caráter da referida celebração.

As invasões de escolas públicas ocorridas em 2015 e 2016 constituem outra demonstração de quão lesiva é a infiltração da militância esquerdista nos estabelecimentos educacionais brasileiros. Tal movimento teve apoio explícito do PSOL e as demandas dos invasores eram justamente pontos do programa do PT e demais grupos de extrema esquerda (link 1 e link 2). Ou seja, os adolescentes funcionaram como massa de manobra da causa socialista. Tragicamente, um desses jovens veio a falecer dentro de uma escola invadida no Paraná.

Infelizmente, a esquerda não se contenta em assediar os estudantes universitários e do ensino médio. Recentemente, crianças de uma escola primária no interior de Pernambuco foram doutrinadas para protestar contra a PEC 241, a qual estabelecia um limite para o crescimento dos gastos do governo.

Será que uma pessoa que respeita as normas de convivência em sociedade e que tem um mínimo apreço pelos demais seres humanos é capaz de ignorar as suas obrigações profissionais e se utilizar do seu cargo para doutrinar e manipular os seus alunos? Será que uma pessoa normal é capaz de manipular alunos de uma escola primária em prol dos seus objetivos políticos?

3.4   Maioridade penal

Possivelmente, é no debate sobre a redução da maioridade penal que a esquerda se utiliza com maior maestria da sua hegemonia dentre aqueles que deveriam constituir a nossa intelligentsia. De acordo com o Datafolha, 87% dos entrevistados em uma pesquisa de opinião defendem a adoção da medida. A despeito disso, os militantes da causa socialista não hesitam em chamar de fascistas aqueles se manifestam favoravelmente à medida (link 1, link 2, link 3 e link 4).

A noção, repetidamente propalada pelos militantes politicamente corretos, de que a maioridade penal aos 18 anos é um marco civilizatório é mentirosa. Diversas nações desenvolvidas possuem regras distintas. Por exemplo, em 1993 dois meninos de onze anos foram condenados por assassinato no Reino Unido. De acordo com informações divulgadas pelo ministério público do Paraná, no Canadá é possível (dependendo da gravidade do crime) que um jovem seja processado como adulto a partir dos quatorze anos. Já nos Estados Unidos, isso pode ocorrer a partir dos doze anos.

Será que um jovem de dezessete anos não sabe o que está fazendo quando comete um estupro ou um homicídio? É evidente que ele tem plena ciência da gravidade da sua conduta. Apesar disso, os militantes socialistas e politicamente corretos não admitem que ele receba uma pena minimamente compatível com a seriedade do crime. Não satisfeitos, eles chamam de fascistas os milhões e milhões de brasileiros que não se conformam com a impunidade. Em outras palavras, os esquerdistas defendem uma posição extremada e afirmam descaradamente que os seus opositores são radicais.

Mais uma vez, pode-se observar que os esquerdistas se posicionam de forma totalmente contrária aos valores e anseios do brasileiro típico. Ou seja, apesar de a nossa suposta elite intelectual e cultural tentar nos convencer do contrário, os valores esquerdistas não são nem moderados nem compartilhados pela maior parte dos brasileiros.

4   Considerações finais

Os quatro casos discutidos acima ilustram a monstruosa natureza da esquerda. É possível apresentar muitos outros exemplos. Afinal de contas, será que uma pessoa normal é capaz de se referir a um corrupto condenado pelo STF como “guerreiro do povo brasileiro”? Será que uma pessoa que tem respeito pela democracia é capaz de defender que alguém que é réu em cinco processos seja candidato a presidente da república? Será que uma pessoa que tem algum apreço à lei e à ordem e um mínimo de respeito pelo sofrimento dos dependentes químicos é capaz de criar um movimento denominado ‘A Craco Resiste‘ no momento em que o poder público tenta acabar com a Cracolândia? A lista é longa…

Por mais que a suposta intelligentsia deste país afirme o contrário, as posições esquerdistas usualmente são antidemocráticas, violentas, barbáricas e inconsistentes com a visão de mundo da maior parte dos brasileiros. Há que se deixar esse fato claro para que o debate político esteja minimamente ancorado na realidade.

Dito tudo isto, o caráter aberrante da esquerda não deveria ser motivo de surpresa ou polêmica. Afinal de contas, o socialismo é um sistema cruel e sanguinário que, conforme mencionado na introdução de O Livro Negro do Comunismo, causou a morte de mais de 100 milhões de pessoas. No momento em que um indivíduo se torna um militante dessa monstruosa causa, ele cruza as fronteiras da civilidade, da decência e da sanidade e se torna um apóstolo da tirania, da miséria e da opressão.


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