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Bicentenário da independência: um evento a ser celebrado

Alexandre B. Cunha

No próximo dia 7 o Brasil celebrará o bicentenário da sua independência. O fato de o nosso país estar prestes a completar 200 anos como nação independente é uma grande realização e, conforme se argumenta abaixo, este é um momento no qual todo cidadão brasileiro deve experimentar os sentimentos de orgulho e gratidão.

A Proclamação da Independência. Pintor: François-René Moreaux. Fonte: Wikimedia Commons.

Os eventos que vêm se desenrolando na Europa nos últimos meses nos ajudam a compreender a relevância da data que se avizinha. No dia 24 de fevereiro a Ucrânia foi invadida pela Rússia. A ação militar lançada por Vladimir Putin foi uma operação de grande escala. Aparentemente, a liderança russa acreditava que, ao se defrontarem com essa gigantesca ofensiva, as defesas e o governo da nação atacada entrariam em colapso em poucas semanas. Dessa forma, em curto espaço de tempo a Rússia anexaria partes da Ucrânia e o que restasse desse país se transformaria em uma mera marionete do Kremlin. Contrariando todas as expectativas, a heroica resistência dos ucranianos impediu que o país fosse esquartejado e subjugado pela tirania russa. Presentemente, não há como prever quando e como a guerra acabará. Contudo, é improvável que a Ucrânia que emergirá do conflito venha a ser um Estado fantoche.

Dramas como o que se desenrola na Ucrânia são fenômenos recorrentes na história. A título de ilustração, imagine o desalento do povo francês ao ver a sua orgulhosa e até então poderosa nação ser subjugada e ocupada pelos nazistas em 1940. Podemos também falar dos assírios. No passado, eles chegaram a ter um grande império. Porém, a Assíria deixou de ser independente e o seu povo hoje se encontra disperso por diversos países do mundo. A perda da soberania foi desastrosa para os assírios, a ponto de eles terem sido um dos alvos do genocídio levado a cabo pelo Império Otomano durante as duas primeiras décadas do século XX. E o que dizer sobre a saga dos judeus, que após perderem a nação mencionada na bíblia foram por séculos marginalizados e perseguidos em diversos países do mundo, sofreram os horrores do holocausto e somente voltaram a ter o seu próprio país com o surgimento do moderno Estado de Israel em 1948? Também seria possível falar dos curdos, contra os quais Saddam Hussein utilizou armas químicas, ou dos diversos movimentos de independência que tiveram início após a Segunda Guerra Mundial…

Como todo e qualquer país, o Brasil tem diversos problemas. Contudo, não devemos cometer o erro de olhar exclusivamente para as mazelas que nos afligem e esquecer que temos uma pátria independente. Afinal de contas, os ucranianos estão morrendo em uma guerra brutal para preservar a autonomia da sua nação. De forma similar, franceses deram as suas vidas para que a França voltasse a ser um país soberano, israelenses tombaram no campo de batalha para que garantir que a sua nação continuasse a existir etc.

O caso ucraniano e os demais exemplos acima mencionados ilustram que, via de regra, a independência de um país não é algo que se obtém de graça. De forma geral, ela é conquistada a ferro e sangue. O Brasil não foi exceção. A nossa soberania não foi o resultado de um mero acerto familiar entre Dom João VI e Dom Pedro I ou de um conchavo envolvendo as elites de Portugal e do Brasil. Na verdade, nossa ascensão à condição de nação autônoma foi o resultado de um processo composto por uma sequência de desavenças e conflitos. Inclusive, de fevereiro de 1822 a março de 1824 nossas terras e nossos mares foram palco de uma guerra de independência.

Devemos, de forma absolutamente justificada, ter orgulho da nossa independência. Devemos também ser gratos a Dom Pedro I, a Imperatriz Leopoldina, a José Bonifácio de Andrada e Silva, a Maria Quitéria e a todas demais pessoas que colaboraram para que este país se tornasse independente e assim se mantivesse durante os últimos 200 anos. Por fim, compete a cada um de nós contribuir para que este belo e formidável legado não se perca, de forma que as próximas gerações de brasileiros também tenham a cada 7 de setembro a oportunidade de afirmar de cabeça erguida e em alto e bom som que o Brasil é a sua pátria.


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