Rio de Janeiro, . | Esquerdismo, Política


Os 32 bilhões de motivos pelos quais o envolvimento de George Soros com a esquerda não é apenas teoria da conspiração

Alexandre B. Cunha

Qualquer atividade política, por mais simples que seja, demanda recursos. Por exemplo, a elaboração deste texto demanda tempo do autor, ao passo que a sua divulgação na internet exige recursos computacionais. Já a realização de um comício requer, dentre outros itens, o uso de equipamento de som. Assim sendo, é absolutamente natural que pessoas e entidades envolvidas na política busquem apoio financeiro em fontes diversas.

Presentemente, o bilionário George Soros é um dos principais, se não o principal, financiador da esquerda. Os militantes politicamente corretos tentam negar, minimizar ou relativizar esse fato. Segundo eles, a relevância de Soros para as causas progressistas seria uma teoria da conspiração criada por direitistas toscos e primitivos. Curiosamente, esses mesmo militantes não hesitam em vincular qualquer grupo de direita aos irmãos Koch, (milionários americanos que sabidamente financiam movimentos conservadores nos EUA e em outros países), de forma a colocar nos opositores da causa esquerdista a pecha de ‘agentes do imperialismo norte-americano’.

É óbvio que George Soros tem o direito de financiar movimentos e causas que ele desejar. O mesmo vale para os irmãos Koch e qualquer outra pessoa. Tal proposição é tão evidente que não deveria ser necessário discuti-la. Feita tal ressalva, pode-se então enunciar o ponto central deste ensaio: Soros é um dos principais financiadores da causa progressista, sendo que a própria esquerda brasileira é beneficiária dos seus vultosos recursos.

Conforme discutido acima, os esquerdistas gostam de gritar “teoria da conspiração” sempre que ocorre uma alusão ao nome de George Soros. Será que as alegadas participação e relevância de Soros no financiamento da esquerda mundial são efetivamente uma fantasia ‘reacionária’? Conforme se estabelece neste texto, a resposta é um contundente não.

Inicialmente, considere a foto abaixo, a qual reproduz um trecho do website da entidade Open Society Foundations (originalmente chamada Open Society Institute), a qual foi criada pelo próprio Soros e se constitui no seu principal braço conhecido para financiar a esquerda. A ênfase na palavra conhecido se deve ao fato de que, conforme se discute mais à frente, não é uma tarefa trivial identificar quais são as causas e entidades patrocinadas por Soros.

George Soros contribuiu com US$ 32 bilhões, distribuídos em mais de 100 países, para causas diversas. Fonte: Open Society Foundations.

Trinta e dois bilhões de dólares… Digamos que essa não é exatamente uma quantia modesta. Assim sendo, convém analisar com um pouco mais de cuidado a participação do senhor George Soros no financiamento da esquerda.

Os livros The Shadow Party: How George Soros, Hillary Clinton, and Sixties Radicals Seized Control of the Democratic Party e The New Leviathan: How the Left-Wing Money-Machine Shapes American Politics and Threatens America’s Future deixam claro a grande importância de George Soros para o financiamento dos movimentos e grupos de esquerda nos EUA. Discutem-se nos próximos quatro parágrafos as principais conclusões contidas nos textos em questão.

Em The Shadow Party (publicado em 2006), os autores David Horowitz e Richard Poe discutem como uma nova norma legal (McCain-Feingold Act, 2002) reduziu o acesso do Partido Democrata a algumas das suas tradicionais fontes de financiamento, especialmente aos recursos provenientes dos sindicatos. Em decorrência dessa nova legislação, o partido passou a ser mais dependente da atuação e da propaganda eleitoral levada a cabo pelos movimentos e entidades patrocinados por George Soros. Consequentemente, ele se tornou um elemento central no processo de financiamento dos democratas e, por tal motivo, aumentou consideravelmente a sua capacidade de influenciar a orientação política do partido. Tanto que em dezembro de 2004, o então presidente do MoveOn (movimento financiado por Soros) enviou um e-mail para alguns militantes do grupo se referindo ao Partido Democrata nos seguintes termos “Nós o compramos, nós o possuímos” (em inglês We bought it, we own it).

Não se deve minimizar o impacto da mudança descrita no parágrafo anterior sobre o Partido Democrata. A título de ilustração, considere o caso ex-presidente Bill Clinton. Durante a sua passagem pela Casa Branca (1993-2000), ele era um típico político democrata. Hoje, muitas das suas posições (por exemplo, oposição à imigração ilegal) são vistas como inaceitáveis pelo partido. Mais ainda: presentemente, diversos dos seus integrantes são assumidamente socialistas (link 1, link 2). Em outras palavras, após se tornar financeiramente mais dependente de George Soros e seus aliados, o Partido Democrata se moveu consideravelmente na direção da extrema esquerda.

No texto The New Leviathan, os autores David Horowitz e Jacob Laksin realizam uma comparação da capacidade financeira de diversas organizações (fundações, institutos, think tanks etc) de esquerda com a de entidades equivalentes na outra ponta do espectro político. De acordo com a visão convencional sobre a questão, os movimentos de direita tendem a possuir mais recursos do que os seus rivais esquerdistas. Contudo, exatamente o contrário ocorre na realidade. De acordo os dados disponíveis nos Apêndices 1, 2 e 3 do livro, em 2009 o valor dos ativos das entidades conservadoras era aproximadamente igual a US$ 10,3 bilhões, ao passo que os ativos das organizações progressistas eram da ordem de US$ 104,6 bilhões. No mesmo ano, as organizações conservadoras concederam doações (grants) no valor de US$ 0,8 bilhão, contra US$ 8,8 bilhões disponibilizados pelas suas congêneres politicamente corretas. Os autores também comparam a disponibilidade de recursos das entidades voltadas exclusivamente para questões migratórias e de meio ambiente. Em ambos os casos, a capacidade financeira da esquerda excede a da direita em mais de dez vezes.

Apesar de George Soros não ser o foco de The New Leviathan, o texto deixa claro a sua relevância para o financiamento da esquerda. Por exemplo, em 2009 a Open Society concedeu mais de US$ 1 bilhão em doações. Apenas a Fundação Bill & Melinda Gates (a qual também é uma instituição de caráter politicamente correto) doou mais recursos do que a entidade criada por Soros. Adicionalmente, o suposto filantropo é mencionado 35 vezes no livro. Esse número excede as citações de Barack Obama, Bill e Hillary Clinton somadas e é exatamente igual ao número de citações do guru da esquerda radical norte-americana, o falecido Saul Alinsky.

Está longe de ser uma tarefa trivial identificar e documentar as diversas formas de atuação da esquerda. George Soros e os seus dólares não fogem à regra. Por exemplo, suponha que a entidade A receba uma doação de Soros. Em seguida, essa entidade faz uma doação para entidade B, a qual por sua vez repassa os recursos para a entidade C. Mesmo que essa última organização revele as suas fontes de financiamento, possivelmente nem Soros nem a entidade A serão mencionados. Apesar disso, o projeto Discover the Networks (uma iniciativa do acima mencionado autor David Horowitz) identificou conexões de diversas personalidades e organizações esquerdistas. De acordo com as informações contidas no perfil de George Soros, ele tem ligações com mais de cem fundações, institutos e movimentos dedicados ao avanço da agenda da esquerda e doa, pessoalmente, recursos para pelo menos sete deles.

Claramente, Soros exerce um papel importante, mesmo que dissimulado, na arena política dos EUA. E no Brasil? Conforme se discute a seguir, infelizmente a esquerda brasileira já tem acesso aos seus dólares.

Através da Open Society Foundations, George Soros financia o Fórum Brasileiro de Segurança Pública. Fonte: Fórum Brasileiro de Segurança Pública.

Através da Open Society Foundations, George Soros financia o Instituto Igarapé. Fonte: Instituto Igarapé.

Este autor desconhece a existência de algum estudo que detalhe o alcance das ações patrocinadas por George Soros no Brasil. Contudo, é possível identificar algumas organizações que recebem recursos da Open Society Foundations. Dentre elas estão o Fórum Brasileiro de Segurança Pública e o Instituto Igarapé, duas organizações que declaram se dedicar ao problema da segurança pública. Uma entidade denominada Agência Pública, que afirma ser uma agência de jornalismo investigativo, também se beneficia do apoio da Open Society Foundations. Há também o Fundo Brasil, que diz ter como missão promover o respeito aos direitos humanos. Essa organização tem um programa denominado Justiça Criminal – Prisão provisória no Nordeste que é financiado conjuntamente com a Open Society Foundations.

De certa forma, a relação entre George Soros e a esquerda brasileira chega a ser hilária. De acordo com Horowitz e Poe (The Shadow Party, loc 2088, edição digital), desarmamento e liberação da maconha são dois dos temas favoritos de Soros. Logo, não é de se surpreender que organizações brasileiras financiadas pela Open Society publiquem isso, isso, isso e isso.

Em síntese, George Soros é um importante, se não o principal, patrocinador da esquerda nos EUA. Ademais, ele também financia projetos e entidades em mais de 100 países. Assim sendo, a comprovada presença dos seus dólares no Brasil não deveria ser motivo de espanto. Evidentemente, existem tentativas de negar que entidades financiadas pelos seus recursos estejam a serviço de uma agenda política. Todavia, não existe qualquer evidência que George Soros ou as entidades por ele controladas tenham por hábito patrocinar iniciativas que possam ter repercussões políticas contrárias aos objetivos da esquerda. Na verdade, exatamente o contrário é verdade: Soros e as suas organizações somente financiam entidades e movimentos políticos de natureza progressista. E não há razão para assumir que as coisas ocorram de modo diferente no Brasil.


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